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domingo, 31 de janeiro de 2010

Janelas



Pedaço de vislumbre seguro

Com muitas formas de olhar
Um escancarado sol em meu rosto
A chuva na vidraça a chorar

A veneziana separada pelos dedos
Permitindo a curiosidade matar
A cortina tapando por inteiro
Tudo aquilo que não quero mostrar

Por suas frestas a brisa refresca o momento
Em que o sol incomoda o olhar
A vidraça que me protege do vento
Do temporal que meu medo quer observar

As janelas são todos portais para o corpo
Onde protegido se arrisca seguro em seu lar
Já a alma necessita de portas largas
Pra que a realidade possa adentrar


Ayahuasca

Gigante



Um dia quis ser um gigante
Do tamanho do meu pai
Um metro e sessenta e cinco de gente
Que hoje nem sei se faz mais

Um homem forte na simplicidade
De quem ama e do mundo so quer paz
Inteligencia escondida na ingenuidade
De quem não manda fazer, vai la e faz

Sempre achou que da caridade
Era pra ele mais facil dar de que aceitar
Um sonhador que dos sonhos não tenho metade
Mas que nunca se deixou pela grandeza levar

Um tipico homem simples do mato
E nunca do mato ele foi
Me ensinou que sem plantar não se colhe
Mesmo sem nunca ter tocado berrante pra boi

Sabe o lado que deve mais ser exigido
Para que na guerra a paz seja instaurada
Fico entre o orgulho de ser eu o mais repreendido
E o rancor de não ver quem mereça, dele levando palmada

Confesso que me sinto pequeno
Por não ter absorvido dele este entendimento
E num beijo de barba branca para barba grisalha
Olhei hoje pra ele sorrindo enquanto chorava por dentro


Ayahuasca