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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Diario de bordo de uma nau à deriva


(um dia desses anos de minha vida)

Não sou um bom capitão, por toda minha vida deixei o barco correr na vontade do vento e da correnteza, sempre paguei mais pelo comodismo de largar o timão do que por uma manobra mal escolhida.
A vista era boa, o sol aquecia e o vento refrescava com ajuda dos respingos das gotas de água, porem as margens foram estreitando como que querendo desfazer a definição das paralelas.
O incomodo tornou-se uma constante, com as margens tão próximas o sol já arde, o vento sopra poeira em meus olhos e a água me da calafrios.
Não sou mais feliz nessa embarcação e não me sinto a vontade para agir como mal capitão que sou e lançar-me na água deixando o barco a deriva atropelando a tudo e a todos que se puserem em seu caminho.
O mundo parece cobrar mais quando você decide melhorar e nesse jogo a vida me parece aquele sujeito truculento e inconveniente que vive atazanando e posso ainda afirmar que a vida nunca foi de levar desaforo para casa, nas tuas mudanças de atitudes e comportamentos percebera dela uma cobrança como que te pondo a prova se você tem certeza daquilo a que esta se propondo.
Sinto as vezes que quando você, diferentemente de antes, tenta tomar uma atitude saindo do marasmo a que se encontrava, a cobrança que lhe cabe por esta atitude talvez te pareça mais pesada por ter nela embutida a cobrança por todo o tempo que não fizeste nada a respeito e vendo por esta forma acho justo.
Se o cosmos lança a mim sabatina probatória para a minha inclusão em minha nova vida, eu acato.
Sento-me disfarçando a estranhes da prova.
Não tenho como cuspir em suas caras altas notas e não mais protestarei como antes entregando-lhe a prova em branco, hoje cuspirei minhas respostas que serão dissertativas, não assinalarei X em um espaço vazio, se querem corrigir-me não sera por um gabarito, que ao menos me leiam para isto, talvez assim entendam um pouco minhas respostas erradas.
Talvez uma resposta seja considerada errada por não se entender o que a pergunta realmente deseja como esclarecimento e por muitas vezes também apenas pelo esclarecimento fugir ao parco entendimento de quem se especializou apenas em perguntar.



Ayahuasca

19/10/2009
Caralho de dias chuvosos que cismam vir morar dentro da gente.