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terça-feira, 4 de março de 2008

A floresta "encantada".



Sempre quis ser um elemental, então resolvi adentrar aquela floresta encantada de Dartmoor.
Como não sou nada bobo fui deixando pelo caminho migalhas da rabanada, que eu comia com apetite voraz, para me certificar de um retorno seguro caso fosse necessário.
Mal cheguei e já fiz teste vocacional pra duende, meu perfil da muito bem pra isto.
Ganhei o titulo de Dulei, o que já me desagradou.
Fui ter com o Chobb, chefe dos duendes, pra pedir que mudasse para Magnodum, afinal a vida toda eu estudara pra isto e recebi como resposta que todo duende deve se satisfazer com a maça que lhe é ofertada mesmo que o fruto não seja do seu agrado e que só assim as pessoas acreditariam nele.
A principio me calei, mas sou de muito questionar e logo depois, já amigo das fadas, salamandras e outros duendes mais, comecei levantar este questionamento sobre a subserviência de todos os duendes bem como a comilança dos gnomos e a obrigatoriedade das hamadríades de viver em função de uma planta por toda vida e morrer juntamente com esta.
Mas mesmo numa floresta encantada a liberdade de expressão nem sempre é bem vista e eis que um elfo da velha guarda, muito conservador por sinal, foi dizer ao mestre dos elementais das minhas visões libertarias.
Fui então expulso da tal floresta encantada.
Na verdade nem me incomodei muito já que tinha perdido boa parte da admiração que antes eu nutria por esta.
Foi então que percebi que meus poucos dons de meio-oficial de duende fora retirados e voltei a ser humano e o que é pior, um humano tido pra eles como não confiável.
Vocês podem imaginar o que significa ser um humano não confiável numa floresta cheia de elementais?
Aqueles que já detinham o poder sobre a natureza trataram de adverti-la contra a minha pessoa como se eu fosse algum mal feitor e maltrataria a mãe natureza apenas por discordar das leis que rege o seu reino.
Então uma chuva densa recaiu sobre a floresta agora desencantada comigo, ela se tornou pesada, escura, úmida e suas arvores fecharam o céu com suas copas pra que eu não pudesse me guiar pelas estrelas que vinham ao meu auxilio.
Então lembrei que tinha sido providencial deixar as migalhas pelo caminho, foi ai então que dei conta que os pássaros haviam comido todas minhas migalhas que eu havia deixado intencionalmente.
Malditos pássaros que nos enganam com sua beleza e seu canto falso e se fartam de nossas migalhas nos impedindo de regressar de um passo mal escolhido.
Porem o ser humano também é dotado de magia quando esta lhe é solicitada pela vida, aprende a sobreviver nas intempéries naturais.
Cheguei a pensar no porque que Chobb, Paralda, Niksa eDjin não intervinham em meu auxilio, pois eu bem sabia que eles em sua total imparcialidade me apoiavam, se assim não fosse já teriam permitido que eu fosse engolido pela floresta.
Queriam sim que eu me libertasse por minhas próprias forças.
Há quatro estações aproximadamente me encontro perdido nesta floresta, mas hoje aprendi a me aproveitar do vacilo das hamadríades e quando estas se banham nas águas da chuva aproveito o bailar de galhos e folhas e nas frestas do céu nas noites estreladas e com o auxilio de boas estrelas eu posso me guiar e cada vez chegar mais perto do portal que me devolvera ao meu mundo.
E quando isto acontecer eles todos se surpreenderão, ao invés de ter de mim qualquer tipo de represália pelo transtorno que me causaram eu vou é lhes mostrar a minha total admiração e gratidão pela mãe natureza que em nenhum momento me desamparou contrariamente aos que se dizem seus protetores.
Acredito que agindo assim eles poderão perceber com um reles humano que muitas vezes aqueles que estão certos da razão também cometem seus erros.




Ayahuasca

8 comentários:

de tudo e + um pouco disse...

lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!viajei pela floresta junto contigo, amigo....

Clair disse...

Sua autênticidade se revela no modo como lidas com os maiorais da floresta. Como diz a música, pagamos para ver o invisível e enxergamos.Muitas vezes o preço é alto, mas só os bravos podem pagar o preço, sairem lesados, porém fortificados....
Há uma maneira de conquistar as hamadríades, elas podem ser grandes aliadas e até indicarem um caminho, se te mostrares amigo.....
Gosto da maneira como camuflas os sentimentos em um lindo conto....
Namastê!

Anônimo disse...

Eu adorei o modo como você descreveu cada detalhe da floresta. O modo como a personagem adentrou lá e o modo como foi 'expulso' e tentou sair de lá com a própria vontade. Eu gostei muito mesmo, Pedro.

Mal posso esperar para ler mais obras suas :3

Aya disse...

Percebi que em noites de insonia é uma delicia ler comentarios em meu blog.
(pena ter mais dias de insonia que comentarios em meu blog, mas reler tbm satisfaz rs)

Anônimo disse...

Lindo amei a história uma riqueza em detalhes...mto incrivel!!!

Aya disse...

Que bom que tenhas gostado.
Grato pela visita Gabriela.

Cléo Foxy disse...

Muito linda sua história! Só gostaria de saber se ela terá uma continuação. Adoraria que sim!

Anônimo disse...

Hummm...o sentir se faz tão presente...me lembrei destas viagens que fiz dentro de mim,até largar as pedras...