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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Meus sinceros agradecimentos.



Estou repensando a forma como encaro toda a ajuda que me é ofertada, acho que tenho uma certa dificuldade em lidar com isso.
Gostar de ajudar mais do que de receber ajuda nem sempre é uma qualidade, pode muito bem ser apenas orgulho.
A todas as pessoas que durante a minha vida me ajudaram eu gostaria de humilde e sinceramente dizer que mesmo quando isso me tirou o chão e muitas vezes o auxílio chegou a me incomodar, que isso não se deu pelo fato de eu ser mal agradecido e sim talvez por não achar ser merecedor da ajuda, querer recompensar de alguma forma ou apenas mostrar que tudo aquilo estava sendo bem aproveitado e perceber que ainda não era possível.
Não sei explicar direito.
O que sei, é que as pessoas que eu permiti que me ajudassem moram por certo no meu coração mesmo antes de me estender a mão, pois eu não aceitaria a mão estendida de quem não gosto mesmo estando no chão.
Sei que isso é muito pouco como simbolo de gratidão, mas também sei o que isso significa para mim.
Entre muitas coisas que eu gostaria de melhorar em mim, a habilidade de sentir-me a vontade em receber ajuda a ponto de conseguir expressar tranquilamente meus agradecimentos antes mesmo de eu provar que a ajuda valeu a pena é por certo uma delas.
Enfim.... Coisa do tipo que caso não consiga retribuir o auxilio daqueles que permiti se achegarem para isso, que eu não os atrapalhe em suas tentativas.
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que, da forma que seja, me proporcionaram dias melhores e pedir desculpas se nunca deixei claro isso, mas saibam que todos que me ajudaram, ajudaram porque eu os amo e não que eu os amo porque me ajudaram.
Sei que isso pode soar bem estranho, mas também sei do que falo e este texto é meramente um desabafo de quem escreve e olha para os anos seguintes de sua vida com a esperança de que chegado ao final de cada um possa analisar e, indiferente de ter ou não conseguido alcançar tudo que esta planejando em matéria de conquistas, ao se olhar no espelho possa com sinceridade enxergar um ser humano melhor.
Aqui deixo meu Muito Obrigado geral por todos os muito obrigado que calei durante toda minha vida, na esperança que de hoje em diante eu aprenda que, vale bem mais pequenos reconhecimentos que um grande texto cheio de remorso.


Ayahuasca 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Aqui meus sinceros votos de Feliz Natal a todos

Um dia ainda conseguirei transformar palavras bonitas em pequenas ações do meu dia a dia.   Ayahuasca


Relendo o tópico que deu inspiração a esta minha postagem viajei um pouco mais em outra linha de raciocínio, onde os porcos espinhos seria a raça humana e que seriamos divididos em duas subespécies.
Aqueles cujos espinhos são maiores, mais pontiagudos e com sua pele mais resistente e outros que são mais frágeis.
Creio que essa divisão de espécie não se da permanentemente, em certos momentos somos de uma, em outros da outra subespécie.
A parte triste dessa viagem é perceber que a subespécie mais resistente faz valer desta vantagem ocupando espaço mais amplo, sem preocupar-se muito com o incomodo causado a  espécie frágil na sua busca pela sobrevivência.
A constatação seria que a evolução da espécie segue em caminho contrário a facilidade de conviver; Ao passo que evoluímos individualmente teremos muito mais momentos onde seremos da espécie mais frágil, com espinhos mais flexíveis e couraça mais fina.
A parte linda disto tudo seria perceber que apenas nos momentos em que fazemos parte da subespécie mais frágil é que adquirimos habilidade de raciocínio para perceber que, independente da resistência ou fragilidade das subespécies, o afastamento de qualquer uma delas seria o fim para a espécie num todo.

Ayahuasca - 06/01/2012

sábado, 17 de dezembro de 2011

Feliz Natais



Era final de um ciclo em meio aos muitos com que a vida gentilmente nos agracia.
Mais uma das muitas angustiantes esperas.
As luzes de natal socadas em alguma gaveta dos armários em desordem pela mudança de vida.
O cumprimento ao gigante naquele mísero natal e o recolhimento a solidão momentânea, porem não menos cortante, que era dividida apenas com as gotas de água da chuva la de fora que teimavam adentrar pelo teto e vinham dormir comigo.
Mesmo sentindo a dor do momento não posso dizer que nunca tive uma noite de amor com a chuva.
Veio então o gozo da amplitude na envergadura das asas, a visão de fora da gaiola, se é que elas existem e não se encontram apenas dentro de nós mesmos.
O branco, as festividades, os fogos, o mar e a parceria tão esperada.
Nunca fui dado a crer em fabulas e cultos a datas religiosas senão pela simples socialização, mas era um ano de mudanças e por pensar ter sido um bom menino passei a acreditar em Papai Noel.
Num novo tempo e com outro foco vi a arvore, os enfeites, a lareira e até pude ter a sensação de flocos de neve caindo em meu rosto em pleno verão.
Por estar tão incrustado naquele espírito dependurei minha meia recheada de sonhos, fiz alianças com o imaginário e acreditei sinceramente que seria possível alcança-los.
Talvez meus erros sejam bem maiores que meus acertos e por muitas vezes tentando acertar eu tenha errado; Mas que valor teriam os acertos sem as tentativas? Não seriam apenas prêmios ao nosso comodismo?
Sinceramente não sei, mas esta ideia acalma minha alma atormentada por tantas e tantas tentativas frustradas por toda uma vida.
É chegado outro tempo, onde a busca pela realização dos sonhos continua, porem confesso que a certeza começara a dar lugar a duvida.
Hoje as luzes de natal incomodam meus olhos, os piscas parecem simbolizar a inconstância do percurso percorrido, a arvore enfeitada, tirada do seu habitat natural apenas para agradar aos olhos, parece gritar reclamando o espaço que é seu por direito.
Impressionante como no fundo da alma percebo ainda dar um certo crédito ao "bom velhinho" e teimo em acreditar que  me cabe alguma lembrança, talvez nem por mérito, mas ao menos pelo empenho despendido nas tentativas de acertos.
Enfim, enquanto espero o desenrolar dos dias penso que ainda vale a pena acreditar em uma noite feliz como um menino que aguarda seu tão esperado presente natalino.
Caso o sonho dê lugar a decepção, o mais importante é manter a esperança dessa alma crédula na providência divina lembrando que o calendário litúrgico é vasto e me da a possibilidade de, sem muito carnaval, esperar as festividades pascoais depositando nesta a confiança na minha ressurreição.


Ayahuasca

domingo, 4 de dezembro de 2011

A passagem


Ao aproximar-se, o anjo da morte com sua pele alva e fria esconde seu rosto por sob  o capuz dos nossos pecados.
Podemos sentir correr gelidamente por nossa espinha a tardia sensação que tínhamos mais do que pensávamos e só então notamos que aquela flor desabrochando em nosso jardim, aquele abraço sincero,
aquela palavra de conforto e principalmente, entre outras muitas coisas , aquela boca que desejávamos beijar por toda a vida valia muito mais que todo pequeno obstaculo pelo caminho.
Percebemos o quanto imbecis fomos em darmos mais valor as negativas de que as possibilidades.
É nessa hora que pedimos perdão aos céus não pelos nossos pecados, mas sim por nosso comodismo em escolher o caminho mais fácil das lamentações, escolhermos trilhar as estradas de trinta e três vias bem calçadas das mazelas da vida de que abrirmos nós mesmos nossas picadas na direção em que nossos corações nos intuíam e sermos assim criadores do nosso próprio destino por meio de ação e não por nossa omissão como sempre fizemos.
Por um momento nos damos conta que o arrependimento por preferirmos nos manter cegos por toda a vida é bem maior que o próprio medo do inferno e até chegamos a pensar que por isso o merecemos.
Ao soar das trombetas todos os seres celestiais se curvam reverenciando essa nossa nova etapa e nessa sintonia angelical podemos notar quantas vezes deixamos que nossos demônios pessoais amordaçassem nosso anjo interior impossibilitando assim que ele nos orientasse.
Em verdade, em verdade vos digo:
-Somos fracos demais nos momentos em que julgamos que o melhor a fazer é sermos fortes.
São estes momentos que tornam o ser humano animalesco seguindo apenas seu instinto e por não ter essa habilidade apurada vamos nos perdendo em tantas e tantas decisões e tentativas vãs de nos fortalecermos cada vez mais, como se a força estivesse em adquirir resistência para suportar tudo e não o conhecimento necessário para que pudéssemos escolher melhor os passos que daríamos em direção a nossa felicidade.
Não adianta arrependimento, nem mea culpa, isso apenas tornaria a situação ainda mais constrangedora.
O que nos resta apenas é torcermos para que no filme, que todos dizem passar em nossas mentes na derradeira hora, as pequenas lembranças das coisas boas que conseguimos manter vivas na memória sejam de uma intensidade tamanha que ao serem comparadas as más deixem em nossos corações a singela sensação que fizemos nossas vidas valerem a pena.
Por toda extensão de nossa existência teremos ciclos com início, meio e fim, creio que se encarássemos o final de cada ciclo como nossa própria passagem para uma outra vida, daríamos aos ciclos vindouros a devida atenção.


Ayahuasca



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mambembe




Há tempos que não esboço um largo sorriso, daqueles que mostram os dentes do siso.
Mudei minha rota em 180 graus e no meio do caminho percebo que minha bússola perdera o magnetismo.
Hoje ando meio que sem direção, ando guiado as vezes pelo coração, outras pela razão; Ou seria pela falta dela?
Sigo caminhando apenas por não suportar a análise da minha situação que logo surge assim que eu tento ficar inerte.
Creio que mais valem minhas pernas cansadas que minha mente em colapso.
Gargalho em alegrias pequenas, abro a ferida, que eu pensava cicatrizada, nas cordas da guitarra alheia  num solo desafeitado pelo efeito do álcool.
Mesmo ferido continuo a apresentação e ao final desta ostento o sangue no braço da minha amiga sonora como singelo símbolo de consideração a música quem em momento algum da minha vida deixou de me acompanhar.
Com água ardente limpo a minha ferida e o instrumento em respeito ao músico solidário e por saber que o que para uns é sinônimo de orgulho aos olhos de outros poderia soar como asco.
Saio de cena satisfeito por não esconder-me nos bastidores, mas com a sensação que poderia ter sido muito melhor.
Volto para casa com a ressaca de final de espetáculo, porem com a certeza que a vida nada mais é do que um palco itinerante onde o show nunca pode parar.


Ayahuasca