Páginas

terça-feira, 3 de julho de 2012

Atentando para a vida



        O tempo passa e começamos a nos viciar em analisar o que fizemos ou não pela trajetória desta vida.
        Muitos enxergam esta atitude romanticamente como o estudo interior de cada um, já eu, como deixo o romantismo para as questões do coração apenas, acho que isto se da naquele discreto momento de preguiça, onde analisar o que foi vivido nos da um repouso de tudo aquilo que ainda precisa ser feito.
        Não creio ser isto algo negativo, contanto que não tome mais espaço do nosso tempo do que o próprio ato de seguir vivendo e bem ou mal criando ou modificando o que já foi criado.
        Escrevendo desta maneira posso dar a falsa impressão de ser alguém de muitas conquistas palpáveis.
        Sinceramente, partindo pela ideia de que cada um de nós tem a sua própria visão do que é importante, o termo conquista fica muito relativo e acho muito normal duas ou mais pessoas completamente diferentes em sua forma de vida, serem ao mesmo tempo plenamente satisfeitas com tudo que adquiriram.
        Confesso que não sou uma dessas pessoas e que já tive varias fazes distintas no quesito realização variando do tudo ao nada em curtos espaços de tempo.
        Talvez pela imaturidade, talvez por querer, quando o objetivo não foi atingido, ao menos algum reconhecimento pelo esforço dispendido  ou apenas por não existir mesmo esta coisa de sentir-se completamente realizado.
        Sei que nesta fase quase cinquentenária da minha vida, de uma coisa eu me orgulho,  de eu, mesmo duvidando muitas vezes do exito, não ter desistido de tentar.
        Posso dizer que, entre outras coisas, sou um homem que tentou ser um exímio guitarrista e hoje consegue arranhar uns acordes que me dão prazer, que acreditou na política tentando mudar o decrépito cenário que vivemos e concluiu que as mudanças que não internas e individuais são coisas utópicas e o engajamento desprovido de interesses pessoais é coisa de outro plano, que vislumbrava aprender sobre tudo sem focar seus estudos de forma eficaz e que hoje trabalha com algo que nunca sonhou aprender, mas que, por mais esquisito que pareça, sente que é onde mora sua maior vocação, alguém que hoje tenta aprender a empreender sem a experiência necessária, porem que acredita não ser impossível já que traz na bagagem os calos de quem já aprendeu muito deste mundo pelas diversas tentativas, alguém que tenta melhorar e muitas vezes não consegue e mesmo assim se da uma nova oportunidade, um homem que, mesmo na duvida, gosta muito de acreditar, um cara que da valor as pessoas e que muitas vezes é grosso e sem habilidade alguma de deixar claro o quanto elas são importantes.
        Enfim... Alguém que  para cada pequeno acerto colecionou tantas tentativas frustradas que lhe dão o direito de julgar-se senão um vencedor, ao menos um homem extremamente tentador, rs.
        Agora, com sinceridade, me digam.
        Não dar valor ao conhecimento adquirido nas tentativas frustradas não seria uma injustiça com o que o mundo nos propiciou?
        Posso dizer que o mundo sempre acreditou bem mais em mim do que eu mesmo e aprendi com ele e com Gilberto Gil a adorar eternamente o Deus Mudança.
        Ergui meu altar em adoração e o invoco para que todos os dias, mesmo que eu me esqueça de invoca-lo, ele me envie sua energia para que as mudanças sempre venham, por mais satisfeito que eu possa estar me encontrando no momento que elas continuem vindo e que ele me de a intuição para que por mais insignificantes que estas mudanças sejam, que elas venham para melhorar um pouco de mim.

Ayahuasca

Nenhum comentário: