Páginas

sábado, 17 de dezembro de 2011

Feliz Natais



Era final de um ciclo em meio aos muitos com que a vida gentilmente nos agracia.
Mais uma das muitas angustiantes esperas.
As luzes de natal socadas em alguma gaveta dos armários em desordem pela mudança de vida.
O cumprimento ao gigante naquele mísero natal e o recolhimento a solidão momentânea, porem não menos cortante, que era dividida apenas com as gotas de água da chuva la de fora que teimavam adentrar pelo teto e vinham dormir comigo.
Mesmo sentindo a dor do momento não posso dizer que nunca tive uma noite de amor com a chuva.
Veio então o gozo da amplitude na envergadura das asas, a visão de fora da gaiola, se é que elas existem e não se encontram apenas dentro de nós mesmos.
O branco, as festividades, os fogos, o mar e a parceria tão esperada.
Nunca fui dado a crer em fabulas e cultos a datas religiosas senão pela simples socialização, mas era um ano de mudanças e por pensar ter sido um bom menino passei a acreditar em Papai Noel.
Num novo tempo e com outro foco vi a arvore, os enfeites, a lareira e até pude ter a sensação de flocos de neve caindo em meu rosto em pleno verão.
Por estar tão incrustado naquele espírito dependurei minha meia recheada de sonhos, fiz alianças com o imaginário e acreditei sinceramente que seria possível alcança-los.
Talvez meus erros sejam bem maiores que meus acertos e por muitas vezes tentando acertar eu tenha errado; Mas que valor teriam os acertos sem as tentativas? Não seriam apenas prêmios ao nosso comodismo?
Sinceramente não sei, mas esta ideia acalma minha alma atormentada por tantas e tantas tentativas frustradas por toda uma vida.
É chegado outro tempo, onde a busca pela realização dos sonhos continua, porem confesso que a certeza começara a dar lugar a duvida.
Hoje as luzes de natal incomodam meus olhos, os piscas parecem simbolizar a inconstância do percurso percorrido, a arvore enfeitada, tirada do seu habitat natural apenas para agradar aos olhos, parece gritar reclamando o espaço que é seu por direito.
Impressionante como no fundo da alma percebo ainda dar um certo crédito ao "bom velhinho" e teimo em acreditar que  me cabe alguma lembrança, talvez nem por mérito, mas ao menos pelo empenho despendido nas tentativas de acertos.
Enfim, enquanto espero o desenrolar dos dias penso que ainda vale a pena acreditar em uma noite feliz como um menino que aguarda seu tão esperado presente natalino.
Caso o sonho dê lugar a decepção, o mais importante é manter a esperança dessa alma crédula na providência divina lembrando que o calendário litúrgico é vasto e me da a possibilidade de, sem muito carnaval, esperar as festividades pascoais depositando nesta a confiança na minha ressurreição.


Ayahuasca

Nenhum comentário: