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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mambembe




Há tempos que não esboço um largo sorriso, daqueles que mostram os dentes do siso.
Mudei minha rota em 180 graus e no meio do caminho percebo que minha bússola perdera o magnetismo.
Hoje ando meio que sem direção, ando guiado as vezes pelo coração, outras pela razão; Ou seria pela falta dela?
Sigo caminhando apenas por não suportar a análise da minha situação que logo surge assim que eu tento ficar inerte.
Creio que mais valem minhas pernas cansadas que minha mente em colapso.
Gargalho em alegrias pequenas, abro a ferida, que eu pensava cicatrizada, nas cordas da guitarra alheia  num solo desafeitado pelo efeito do álcool.
Mesmo ferido continuo a apresentação e ao final desta ostento o sangue no braço da minha amiga sonora como singelo símbolo de consideração a música quem em momento algum da minha vida deixou de me acompanhar.
Com água ardente limpo a minha ferida e o instrumento em respeito ao músico solidário e por saber que o que para uns é sinônimo de orgulho aos olhos de outros poderia soar como asco.
Saio de cena satisfeito por não esconder-me nos bastidores, mas com a sensação que poderia ter sido muito melhor.
Volto para casa com a ressaca de final de espetáculo, porem com a certeza que a vida nada mais é do que um palco itinerante onde o show nunca pode parar.


Ayahuasca


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